quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Lixo Hospitalar - Parte 2

4.1.2 INCINERAÇÃO

O lixo hospitalar como visto anteriormente é classificado em quatro tipos, A, B, C e D. Destes, aqueles pertencentes ao grupo A são destinados aos aterros e a incineração.
A incineração é um processo termoquímico que visa à diminuição do volume do lixo e também a diminuição da toxidade para os seres vivos assim como o meio ambiente. Então se define incineração como: “Decomposição térmica via oxidação, com o objetivo de tornar um resíduo menos volumoso, menos tóxico ou atóxico, ou eliminá-lo. Aplica-se, principalmente, para os resíduos de maior grau de periculosidade ou onde há a necessidade de muita confiabilidade em todo o processo, tanto nas etapas de combustão, como nas etapas de tratamento dos gases gerados na queima” (DEMPSEY & OPPELET).
Existem alguns tipos de incineradores que variam de acordo com o material a ser incinerado como, por exemplo: Injeção líquida, câmara fixa, leito fluidizado e forno rotativo. O forno rotativo por possuir uma maior variedade de materiais que podem ser incinerados, é o mais encontrado nas empresas que prestam este tipo de serviço.
Este tipo de incinerador é capaz de incinerar diferentes tipos de materiais como: Granulares homogêneos e irregulares brutos (pellets, etc.), baixo ponto de fusão (alcatrões, etc.), compostos orgânicos com constituintes de cinza fundíveis, material não preparado volumoso, material a granel, vapores orgânicos, resíduos aquosos com alta carga de líquidos orgânicos, resíduo contendo compostos aromáticos halogenados, e lodo aquoso orgânico (DEMPSEY & OPPELET).
Os resíduos sólidos a serem incinerados são acondicionados em bombonas de polietileno ou cartolas de papelão e introduzidos no forno rotativo através de elevador e pistões. Os resíduos líquidos a serem incinerados são estocados em um tanque fixo ou em containeres móveis e são transferidos para os queimadores através de pressão de nitrogênio, sendo atomizados com ar.
O incinerador de resíduos possui um sistema de combustão composto de um forno rotativo, uma câmara de pós-combustão e três queimadores. O forno rotativo trabalha a uma temperatura de 800 à 1000 ºC que é mantida através de uma alimentação de resíduos líquidos e sólidos e utilizando-se gás natural como combustível auxiliar.
Após o forno rotativo, as escórias são retiradas pelo fundo da câmara de pós-combustão e enviadas ao aterro industrial. Os gases são incinerados a uma temperatura de 1050 a 12500 ºC na câmara de pós-combustão. Na câmara existem dois queimadores para resíduos líquidos e gás natural, que são responsáveis pela manutenção da temperatura na faixa desejada.
A corrente gasosa de saída da câmara de pós-combustão passa pelo sistema de resfriamento de lavagem dos gases, que é composto por um pré-resfriador (onde os gases são resfriados a 420 ºC), ciclones, um pós-resfriador (nos quais os gases são resfriados a 75 ºC), um lavador de discos rotativos e um separador de gotículas, sendo lançado na atmosfera, a 40 ºC, através de uma chaminé. O tratamento dos gases do incinerador rotativo gera cinzas que são dispostas no aterro industrial, e efluentes líquidos que são tratados na estação de tratamento.
As vantagens da incineração são: redução do volume do lixo (cerca de 95% do volume original), diminuição do peso (as cinzas apresentam 10% do peso original), possibilita a incineração de resíduos organoclorados e organofosforados, possui um efetivo controle dos gases emitidos e as cinzas são de fácil manuseio e transporte.
As desvantagens desse processo é praticamente o elevado preço do serviço. Segundo o Prof. Sandro D. Mancini, a incineração custa em torno de R$ 950,00 por tonelada e o acondicionamento em aterro é de R$ 5,00 por tonelada. Em virtude deste fato, muitos hospitais fazem coleta seletiva e triagem dos materiais a serem incinerados para evitar desperdício de dinheiro.

4.1.3 ATERRO

Os aterros são áreas especiais em que o lixo é estocado, sendo esta área devidamente preparada e licenciada pelo órgão ambiental local. Esta área deve possuir determinadas características como: Baixo potencial de contaminação do aqüífero, baixo índice de precipitação pluviométrica, alto índice de evapotranspiraçäo, camada insaturada de pelo menos 1,5m entre o fundo do aterro e o nível mais alto do lençol freático, área não sujeita a inundação, pouca declividade e ausência de depressões naturais, distância mínima de 300 m de qualquer corpo d'água, distância mínima de 1000 m das áreas urbanas próximas, distância mínima de 50 m das rodovias e ferrovias e período mínimo de utilização da área de 20 anos (FONTORA, 2004 UERJ).
O aterro deve conter camadas de diferentes tipos de materiais a fim de proteger o solo e os aqüíferos subterrâneos de contaminação pelo material oriundo da camada superior (o lixo propriamente dito) que é transportado pela chuva.
Essas camadas de baixo pra cima são: o solo nativo que apresenta nenhuma modificação, uma camada de argila compactada (ou qualquer outro material de baixa permeabilidade), membrana de gel inferior que é formada por PVC ou polietileno, sistema secundário de remoção do percolado (contém tubo para a drenagem), membrana de gel superior que é formada por PVC ou polietileno, sistema primário de remoção do percolado (contém tubo para a drenagem), camada de filtros médios, lonas de PVC sob toda a periferia da área do aterro (Opcional) e camada de lixo.
À medida que a camada de lixo vai aumentando, o volume de gases gerados (principalmente o metano) aumenta também. Assim para evitar o acúmulo de metano nas camadas mais baixas do lixo é necessário colocar tubos de concreto perfurados de diâmetro de 1m ou maior para fazer a retirada o metano acumulado. Esses tubos são espalhados por diversos pontos do aterro e são envoltos por pedregulhos para evitar seu tombamento.
O material provido do processo de lixiviação que é chamado de percolado é direcionado à lagoa ou piscina de equalização no qual permanece por um tempo até que seja transportado para a estação de tratamento.
Na estação de tratamento esse material percolado é tratado em quatro etapas de tratamento que são o tratamento primário, secundário, terciário e do lodo.
O tratamento primário consiste em duas etapas que são: tanque de homogeneização e calhas eletrolíticas. O tanque de homogeneização do percolado destina-se a armazenar temporariamente as lamas espessadas e a promover a sua mistura antes da desidratação. Trata-se de um órgão de secção circular, de corpo cilíndrico e no fundo possui um agitador de velocidade lenta. As calhas eletrolíticas têm como objetivo a estabilização química do percolado que tem como principal finalidade a redução ou eliminação da sua capacidade de fermentação é feita nesta instalação com cal viva em pó (A cal viva é armazenada num silo metálico de 30 m3 de capacidade).
O tratamento secundário possui três etapas básicas que são: decantador primário, tanque de aeração e decantador secundário. O decantador primário tem como objetivo remover por decantação (gravidade) as partículas suspensas mais densas do percolado que são removidas do tanque e levadas para o sistema de tratamento do lodo. O tanque de aeração promove a insuflação de ar fornecido por compressores e distribuído em profundidade através de difusores, sendo dividido interiormente em 5 câmaras interligadas na forma de chicana vertical. O ar insuflado destina-se não só a manter perfeita mistura de água residual e lamas ativadas, mas também a fornecer o oxigênio necessário para a biomassa oxidar a matéria orgânica.
O decantador secundário visa à separação do percolado biológico (resíduo do tratamento do tanque de aeração) do efluente tratado que são definitivamente separados nas lagoas de polimento (tratamento terciário).
O tratamento terciário consiste de quatro etapas: lagoas de polimento, filtro de areia, pré-filtro (nano), unidades de nanofiltração. As lagoas de polimento têm como principal objetivo a remoção de organismos patogênicos. Com a profundidade reduzida à penetração de a luz solar na massa líquida é facilitado e a atividade fotossintética acentuada. Bactérias e vírus são inativados pela irradiação solar – Raio UV – sendo letal, há uma elevada concentração de oxigênio dissolvido e elevação do pH. O filtro de areia objetiva reter as partículas em suspensão de grande diâmetro que assim como o pré-filtro (nano) visam preparar o percolado a passar pelas membranas de nanofiltração.
As unidades de nanofiltração são compostas por membranas de polímeros que filtram o percolado retendo macromoléculas, material particulado e moléculas de peso molecular médio (diâmetro >10-8mm) passando somente sais, água e moléculas com baixo peso molecular. Essa última etapa é monitorada por um aquário onde são feitas as análises da água com relação a sua qualidade. Após esta etapa esse material é despejado no mar sem provocar nenhum tipo de dano ambiental.
O tratamento do lodo ocorre em paralelo ao tratamento do percolado, pois todo o tratamento primário e secundário gera resíduos relativamente grandes que são transportados para o tratamento do lodo no qual sua disposição final é o aterro.
Este tratamento consiste em duas etapas distintas que são: adensador de lodo e prensa desaguadora. O adensador de lodo tem como finalidade principal acondicionar o lodo a uma melhor consistência para ser enviado para as unidades de desidratação de lodo. A prensa desaguadora, neste processo, após o condicionamento do lodo por polímero, ocorre um “pré-desague” por gravidade, e após a prensagem do lodo entre as telas com estágios crescentes de pressão e cisalhamento do lodo. O lodo já prensado é expelido por um sistema de raspadores. A água extraída do lodo é recolhida retornando a lagoa ou piscina de equalização.

4.2 Grupo B.

Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo "B" deverão ser submetidos a tratamento e disposição final específicos, de acordo com as características de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exigências do órgão ambiental competente. Sendo material farmacêutico devolvido aos fabricantes conforme acordo na compra do próprio material.

4.3 Grupo C.

Obedecerão às exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
Rejeitos sólidos: a compactação e a incineração

Rejeitos líquidos: Tratamento específico → Concentração do rejeito e imobilização.
O cimento, o betume e os polímeros são empregados para a imobilização de rejeitos de atividade baixa ou média. O vidro e as cerâmicas, que possuem excelentes propriedades de imobilização, são restritos aos rejeitos de atividade alta devido à complexidade e ao custo elevado do processo de imobilização.

4.4 Grupo D
Vidros, plásticos, papel, papelão, metais e outros materiais recicláveis recebem embalagens próprias conforme o tipo de material que será coletado pelo órgão municipal de limpeza urbana e receberão tratamento e disposição final semelhante aos determinados para os resíduos domiciliares, desde que resguardadas as condições de proteção ao meio ambiente e à saúde pública.
O destino seria reciclagem interna ou venda como sucatas diversas. É importante ressaltar que devemos fazer a separação e embalagem no local de origem e não deve ser admitida a sua separação posteriormente.

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